Em São João del-Rei, o ponto alto da Semana Santa é o Sermão do Descendimento da Cruz, que acontece na Sexta-Feira da Paixão (15/04), às 20h30, nas escadarias da igreja de Nossa Senhora das Mercês, seguido da procissão do Enterro. Na quinta-feira (14/04), é a vez da cerimônia do Lava-pés, às 20h30, no adro da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar.
No entanto, um dos momentos mais procurados pelos fiéis é o Ofício das Trevas, que tem a primeira celebração na quarta-feira (13/04), às 19h, na Catedral Basílica, e outras duas, chamadas Matinas e Laudes, nas manhãs de sexta-feira (15/04) e sábado (16/04). A quarta-feira, especialmente, é a mais procurada pelos fiéis”, afirma o pároco Geraldo Magela da Silva.
Rito antigo
O Ofício das Trevas é um rito da Igreja Católica que vem sendo preservado em sua forma integral e com elementos únicos há muito tempo na cidade. “Essa é uma tradição muito antiga. Com o Concílio do Vaticano II, ela caiu em desuso, mas em São João del-Rei se manteve”, afirma Silva. Além de quarta-feira, há Ofícios de Trevas na sexta-feira, às 8h, e no sábado, às 8h30.
Segundo o pároco da Basílica Catedral de Nossa Senhora do Pilar, o rito consiste em um conjunto de orações, textos bíblicos, salmos e leituras de textos de padres que foram os escritores dos primeiros tempos da Igreja Católica e que tratavam da Paixão de Cristo, dos sentimentos que envolveram os últimos momentos de Jesus.
Apagar das velas
No interior da Catedral Basílica, é aceso o Tenebrário, um grande candelabro com 15 velas. Participam da cerimônia a Orquestra Ribeiro Bastos, executando músicas dos séculos XVIII e XIX compostas pelo padre José Maria Xavier, e coroinhas da Associação dos Coroinhas de Dom Bosco, entoando canto gregoriano.
Depois de proferido cada salmo, apaga-se uma vela do candelabro. Apenas a 15ª vela não é apagada e escondida atrás do altar-mor. “Ela representa Cristo, a luz da vida, que se manifesta novamente através da ressurreição”, resume Silva.
Em um dos momentos mais bonitos do culto, as luzes da Catedral Basílica vão se apagando aos poucos, simbolizando a aparente vitória da morte, e as pessoas, recordando o momento da morte de Jesus Cristo, batem os pés fortemente no assoalho em protesto.
Quando não há mais luz, só as trevas, a vela acesa e escondida retorna ao altar da igreja, simbolizando que Jesus venceu para sempre a morte. Para o padre Geraldo Magel da Silva, a paixão de Jesus foi por amor, e o que feito por amor nunca pode acabar.
Por sua rica trajetória histórica de mais de 300 anos São João del-Rei é hoje guardiã de valioso patrimônio histórico, cultural e arquitetônico.
Fruto de grande influência religiosa, a musicalidade é manifestação cultural muito forte na cidade mantendo viva a tradição setecentista nas orquestras bicentenárias Lira Sanjoanense e Ribeiro Bastos, além de diversas bandas de música como a Teodoro de Faria, com mais de 100 anos de atuação.
A cidade mantém viva também a tradição de pontuar os acontecimentos da cidade com a musicalidade do toque dos sinos de suas igrejas e capelas, tornando-se por isso conhecida também como “cidade onde os sinos falam”. Venha conhecer!